quinta-feira, 19 de julho de 2007

Raio Negro



Ainda nos anos 60, o Raio Negro fez muito sucesso por aqui. O tenente da FAB Roberto Sales é lançado no espaço, onde a cápsula em que ele está é atingida por um jato de luz negra, arrastando-o para um disco voador, que havia colidido com um meteoro. Dentro do objeto voador, um ser de Saturno, chamado Lid, agonizava. Obedecendo às indicações do alienígena, o tenente Sales liga os controles da nave e os leva em direção à Saturno. Agradecido por ter arriscado sua vida para salvá-lo, Lid lhe entrega seu anel de luz negra, feito com a energia magnética de Saturno, que lhe dará grandes poderes. O tenente jura só usá-lo para o bem, e volta à Terra, resolvendo assumir uma nova identidade para combater o crime, vindo assim a nascer o Raio Negro, que era uma espécie de mistura entre Ciclope (o visual) e Lanterna Verde (o uso do anel). O Raio Negro foi criado por Gedeone Malagola em 1965.

Capitão 7


Foi o primeiro super-herói brasileiro, criado por Ayres Campos inicialmente para uma série de TV exibida pela TV Record (daí o 7 pois o canal da emissora era este). Adaptado para os quadrinhos por Jaime Cortez e Júlio Shimamoto pela editora Continental / Outubro. Existem singelas diferenças entre o programa de TV e a HQ, pois inicialmente, no conceito do Capitão 7, suas aventuras ele era um tipo de Flash Gordon, não tinha poderes e suas estórias tinham um quê de espacial. Jaime Cortez, no gibi, é que desenvolveu o conceito de super herói no personagem, dando-lhe poderes, seu uniforme, por sinal, era guardado, comprimido em uma caixinha de fósforos. Logo o seriado da TV também acompanharia esta tendência. Outra curiosidade é que os seriados eram transmitidos ao vivo, somente tempos depois passou a ser gravado em película e editado, o que proporcionou uma melhora nas cenas de ação. Capitão 7, a série de TV, foi produzida por 12 anos, com aproximadamente 500 episódios exibidos, o personagem era líder de audiência absoluto e foi o primeiro herói nacional a ter seus produtos licenciados, como fantasias, lancheiras, camisas e por aí vai.Foi justamente com isso que o seu criador Ayres Campos enriqueceu, segundo dizem. O herói, nos quadrinhos, durou vários números, provavelmente 54 edições, publicados initerruptamente, até o Ayres proibir pois não recebia pelas publicações em quadrinhos de seu super herói.

terça-feira, 10 de julho de 2007

AN ANTHOLOGY OF GRAPHIC FICTION, CARTOONS AND TRUE STORIES e THE BEST AMERICAN COMICS




No ano passado, saíram dois livrões nos EUA que podem ser um marco histórico do reconhecimento dos quadrinhos como arte: An Anthology of Graphic Fiction, Cartoons and True Stories e o primeiro volume da série anual The Best American Comics. Os dois reúnem grande parte do que as HQs americanas, como forma, já fizeram de melhor.
The Best American Comics 2006 é parte da linha da editora Houghton-Mifflin que reúne as melhores produções textuais por gênero a cada ano (as melhores reportagens, as melhores histórias de suspense, de terror, policiais...). É a primeira vez que sai um volume dedicado a quadrinhos – e o de 2007 sai em breve. Já An Anthology of Graphic Fiction vem da privilegiada editora da Yale University, uma das maiores dos EUA, que dá atenção às HQs pela primeira vez.
Ambos são editados por pequenas estrelas do universo indie dos gibis: Ivan Brunetti, cartunista e professor de cartunismo, colocou em Anthology HQs curtas de várias décadas que, nas suas palavras, "aprecio e releio com freqüência"; e o responsável por escolher uma fatia representativa do que se produziu de melhor entre 2004 e 2005 é Harvey Pekar, o rabugento autor de American Splendor (após uma pré-seleção feita pela editora Anne Elizabeth Moore).
O propósito da edição de Pekar já está aparente no título. O livro reúne trabalhos recentes de figuras já estabelecidas, como Joe Sacco (Palestina), Chris Ware (Jimmy Corrigan), Jamie Hernandez (Love & Rockets), Gilbert Shelton (Freak Brothers) e Robert Crumb, e de outros que começam a conquistar o público, como Alison Bechdel (Fun Home) e Anders Nilsen (Dogs and Water). Super-heróis (fora a paródia de Joel Priddy) ficam de fora, da mesma forma que toda antologia séria de literatura não coloca Dan Brown ou Paulo Coelho no meio.
Da mesma forma que o cinema tem Cannes e Sundance, e a música tem de Montreux ao Lollapalooza, os quadrinhos estavam precisando de algo deste tipo para colocar várias pessoas, ao mesmo tempo, em contato com o que a mídia está produzindo. E nos quadrinhos, como na literatura, não dá para você reunir várias pessoas e forçá-las a sentarem lado a lado para ficar lendo – no máximo você faz uma feira onde todos podem comprar a mesma coisa, o que não quer dizer que vão ter uma experiência coletiva da arte. Estas antologias são o mais próximo que se pode chegar disto, pois nelas reúnem-se os expoentes do meio que antes, se você quisesse ler em conjunto, teria que catar em centenas de revistas e álbuns. É este trabalho de juntar as coisas para apresentar ao público que estava faltando, e que pode ser decisivo para mudar a percepção das HQs.
A editora Fantagraphics, uma das líderes neste segmento dos quadrinhos-arte, está lançando em breve sua "autobiografia" com o sugestivo título Comics As Art: We Told You So. Dá para traduzir como "Quadrinhos são Arte: A Gente Avisou". É a An Anthology of Graphic Fiction e a Best American Comics que eles estão se referindo.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Edgar Vasques



No início dos anos 70, Edgar Vasques criou um personagem que tinha a intenção de mostrar a cara do Brasil: Rango, um desempregado pobre e barrigudo que vivia em um depósito de lixo. Com muita crítica social - e, obviamente, econômica e política - as tiras do personagem fizeram sucesso em publicações universitárias e logo alcançaram grandes jornais. Em 1974, a editora LP&M lançou seu primeiro livro, tendo o personagem como tema e com prefácio do escritor Érico Veríssimo, que se declarava fascinado pelo personagem e pelas situações tragicômicas que ele vivia. Vasques nunca deixou de desenhar Rango - assim como, infelizmente, os problemas de desigualdade social que o personagem retrata nunca deixaram de existir (pelo contrário, em alguns casos até se agravaram) -, mas o personagem perdeu um pouco do espaço que tinha nos jornais, ainda que seja mais atual que nunca. Recentemente, em 1998, a LP&M lançou uma edição comemorativa, O Gênio Gabiru, trazendo 160 tirinhas inéditas em uma só publicação. E, como bem resumem os editores da publicação, “mudaram as moscas, mas a paródia continua cada vez mais real”.

Tchê


O fanzine Tchê existe desde 1987, publicando artistas de quadrinhos profissionais e amadores. Nele, o leitor encontra trabalhos de Júlio Shimamoto, Mozart Couto, Laudo Jr, Henry Jaepelt, Joacy Jamys, Edgar Franco, Gazy Andraus, Daniel HDR e muitos outros. Para comemorar os 20 anos do fanzine, o responsável, Denilson Rosa dos Reis (professor de História, músico e fanzineiro), preparou uma série de lançamentos, culminando com o CD-Rom Tchê 20 Anos Volume 1, a ser lançado em dezembro. A edição #35 do Tchê (40 páginas, R$ 3,00) traz ilustrações, cartas, HQs, música, poesia, artigos, uma entrevista com Gervársio Santana (Portal TexBr) e uma homenagem a Joacy Jamys. Participam da edição Denilson Reis, Marcel de Souza, Alex Doeppre, Marcelo Tomaz, Jefferson Barboza, Hiirís Lassorian, Henry Jaepelt, Fabiano Alvarez, Milton Soares, Eduardo Manzano, Laerçon Santos, Beto Martins, Renato Coelho, Michel Sanches e Anderson Ferreira. Contatos podem ser feitos por e-mail ou pelo endereço: Denilson Rosa dos Reis - Rua Gaspar Martins, 93 - Alvorada/RS - CEP 94820-380 - Alvorada/RS.

Lugares In-Comum


O cartunista Sérgio Jaguaribe, conhecido por Jaguar, foi um dos fundadores do tablóide humorístico O Pasquim, no final da década de 1960, considerado um dos maiores fenômenos da imprensa brasileira. No Pasquim, Jaguar publicava o simpático e corrosivo ratinho Sig, com suas frases de efeito e tiradas humorísticas. Foi também no jornal que surgiu Lugares in-comuns (formato 14 x 20 cm. 76 páginas, R$12,00), série de tiras irreverentes publicada semanalmente. Essas tiras, que a editora Marca de Fantasia publica nesta obra, são de co-autoria de Jaguar, no traço, e Ivan Lessa, no texto, parceria que se imortalizou nas páginas do Pasquim, cuja sintonia se constata nesta série. Lugares in-comuns explora de forma irônica os chavões, os ditos, as frases feitas e tiradas filosóficas populares, tão cheios de inventividade, sabedoria e, por que não, lugares comuns. Este lançamento faz parte da coleção Biografix, proposta por Wellington Srbek e Henrique Magalhães, que tem como objetivo resgatar o trabalho dos mestres dos quadrinhos e humor gráfico brasileiros, mostrando às novas gerações alguns fragmentos das obras que tendem a se perder no esquecimento.