terça-feira, 10 de julho de 2007

AN ANTHOLOGY OF GRAPHIC FICTION, CARTOONS AND TRUE STORIES e THE BEST AMERICAN COMICS




No ano passado, saíram dois livrões nos EUA que podem ser um marco histórico do reconhecimento dos quadrinhos como arte: An Anthology of Graphic Fiction, Cartoons and True Stories e o primeiro volume da série anual The Best American Comics. Os dois reúnem grande parte do que as HQs americanas, como forma, já fizeram de melhor.
The Best American Comics 2006 é parte da linha da editora Houghton-Mifflin que reúne as melhores produções textuais por gênero a cada ano (as melhores reportagens, as melhores histórias de suspense, de terror, policiais...). É a primeira vez que sai um volume dedicado a quadrinhos – e o de 2007 sai em breve. Já An Anthology of Graphic Fiction vem da privilegiada editora da Yale University, uma das maiores dos EUA, que dá atenção às HQs pela primeira vez.
Ambos são editados por pequenas estrelas do universo indie dos gibis: Ivan Brunetti, cartunista e professor de cartunismo, colocou em Anthology HQs curtas de várias décadas que, nas suas palavras, "aprecio e releio com freqüência"; e o responsável por escolher uma fatia representativa do que se produziu de melhor entre 2004 e 2005 é Harvey Pekar, o rabugento autor de American Splendor (após uma pré-seleção feita pela editora Anne Elizabeth Moore).
O propósito da edição de Pekar já está aparente no título. O livro reúne trabalhos recentes de figuras já estabelecidas, como Joe Sacco (Palestina), Chris Ware (Jimmy Corrigan), Jamie Hernandez (Love & Rockets), Gilbert Shelton (Freak Brothers) e Robert Crumb, e de outros que começam a conquistar o público, como Alison Bechdel (Fun Home) e Anders Nilsen (Dogs and Water). Super-heróis (fora a paródia de Joel Priddy) ficam de fora, da mesma forma que toda antologia séria de literatura não coloca Dan Brown ou Paulo Coelho no meio.
Da mesma forma que o cinema tem Cannes e Sundance, e a música tem de Montreux ao Lollapalooza, os quadrinhos estavam precisando de algo deste tipo para colocar várias pessoas, ao mesmo tempo, em contato com o que a mídia está produzindo. E nos quadrinhos, como na literatura, não dá para você reunir várias pessoas e forçá-las a sentarem lado a lado para ficar lendo – no máximo você faz uma feira onde todos podem comprar a mesma coisa, o que não quer dizer que vão ter uma experiência coletiva da arte. Estas antologias são o mais próximo que se pode chegar disto, pois nelas reúnem-se os expoentes do meio que antes, se você quisesse ler em conjunto, teria que catar em centenas de revistas e álbuns. É este trabalho de juntar as coisas para apresentar ao público que estava faltando, e que pode ser decisivo para mudar a percepção das HQs.
A editora Fantagraphics, uma das líderes neste segmento dos quadrinhos-arte, está lançando em breve sua "autobiografia" com o sugestivo título Comics As Art: We Told You So. Dá para traduzir como "Quadrinhos são Arte: A Gente Avisou". É a An Anthology of Graphic Fiction e a Best American Comics que eles estão se referindo.

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